Turismo, um vetor econômico inativado no Brasil

O turismo é uma atividade intrinsicamente pessoal exigindo um contato mais estreito entre cliente e agente

A quarentena do Covid-19 proporcionou-me a oportunidade de, como jornalista especializado, fazer um amplo diagnóstico sobre o turismo brasileiros, com seus gargalos e soluções previsíveis. Escrevi o livro Lockdown no Turismo, não com o objetivo meramente crítico sobre a paralisia de meio século no receptivo internacional, cujo percentual, ao longo das décadas, tem decrescido face à massa de viajantes a percorrer o mundo.

O foco é diagnosticar os gargalos que petrificam esse crescimento.

O lockdown provocado pela pandemia obscureceu ainda mais esse quadro.

Tem que se começar tudo do zero.

Exige-se pragmatismo, criatividade e ações objetivas na reconquista dos mercados interno internacional dentro dos novos protocolos comportamentais.

O turismo é uma atividade intrinsicamente pessoal exigindo um contato mais estreito entre cliente e agente, especialmente pelo nível de exigências dos viajantes de hoje com infinita gama de informações que a internet lhes proporciona.

Quando cessarem os efeitos desse isolamento social provocado pela pandemia que nos acomete, uma nova postura profissional exigirá muita criatividade ante os imutáveis mecanismos que a inteligência artificial e a robótica assumiram em proporções mundiais, que se petrificam.

As companhias aéreas, o setor de hospedagem e empresas de turismo tiveram que adiar rotas, pacotes e até fechar as portas físicas.

Mesmo com o distanciamento, isso não tirou das pessoas a curiosidade de conhecer novos lugares ao redor do país e do mundo, facilitado pelo turismo virtual dos óculos 3d, implantado por alguns representantes do ramo, disponibilizando roteiros de viagem on-line e passeios por videoconferência em decorrência da crise econômica que se alastrou.

Internamente esse caos foi uma oportunidade de se arrumar as cidades e atrativos turísticos com o toque de qualidade no receptivo, que se traduz na conservação de monumentos e logradouros e obediência aos novos procedimentos sanitários.

Igualmente abriu tempo para se elaborar projetos de implementação de políticas de promoção mais consistentes no Exterior, com inteligência e competência nas ações de Marketing Digital, Marketing de Destinos, na Comunicação, Relações Públicas, Educação Corporativa e Eventos e se estabelecer metas profissionais em políticas mercadológicas mais racionais e pragmáticas, buscando, primeiramente, emissivos viáveis.

Na 52ª Reunião Ordinária do CNT, no segundo semestre de 2018, fui eleito Coordenador Geral da Câmara Temática de Marketing e Apoio à Comercialização do Conselho Nacional de Turismo do Ministério do Turismo.

Como resultado dessa missão apresentei um relatório com 24 páginas mostrando todos os gargalos e inconsistência na gestão do turismo brasileiro, nele apontando 15 gargalos recorrentes e 15 sugestões práticas e viáveis para sana-los.

Documento lido na 55ª Reunião do CNT e entregue ao Ministro do Turismo.

Nesse relato tracei um amplo estudo sobre os freios que brecam o desenvolvimento do turismo pátrio, especialmente o receptivo internacional, baseado no reconhecimento contábil do setor como fator econômico a partir da criação da Embratur em 1966.

Todos, governo e trade conhecem, em profundidade e de sobejo, os problemas impeditivos à evolução do setor, há 6 décadas patinando no mesmo patamar.

Destaco os esforços e ações pontuais do Ministério do Turismo, que com competência tem buscado soluções na desburocratização da área.

Por isso classifico o ano de 2019 como o mais importante para a categoria, com um elenco de medidas do Governo, do Ministério do Turismo e da Embratur, que destravou uma burocracia que paralisava o receptivo estrangeiro, em todos seus sentidos, especialmente liberando o visto diplomático aos maiores emissores turísticos do mundo.

Deu-se autonomia à EMBRATUR como Agência de Promoção do Brasil no Exterior.

Engoliu o antigo Ministério da Cultura, com IPHAN e tudo mais

Isso engordou e deu mais consistência temática as responsabilidades do MTur

Medidas essas que, bem aproveitadas, podem salvar o setor da inércia causada pela descontinuidade de bons programas de gestões anteriores.

O principal foco da expansão turística é mirar na desmistificação da imagem errática que se tem do Brasil lá fora e estabelecer alvos mercadológicos mais pragmáticos e objetivos.

A visão estereotipada do Brasil no exterior corroída se dá pela falta de cuidados informativos, noticiosos e diplomáticos.

Para melhorar esse panorama exige-se inteligência, acurado pragmatismo e menos arrogância para enaltecer suas belezas infindas.

Só a exaltação dessas maravilhas não basta sem uma pitada de informações promocionais, pois toda a terra tem suas belezas peculiares e as quer vender.

É crucial deixar de lado o orgulho em pensar que somos superiores aos demais parceiros sul-americanos, extirpar o ridículo preconceito com essa comunidade latina e trabalhar seu promissor mercado turístico, que é o que sustenta nosso receptivo internacional, tão medíocre no patamar sul-americano, que nos reserva um medíocre 5° lugar.

Para dar respaldo às minhas observações, invoco mais de 60 anos de exercício do jornalismo, período em que editei importantes publicações na mídia impressa nacional.

Dessas seis décadas, quatro delas as dediquei a edições especializadas em turismo como Caderno de Turismo do Jornal de Brasília, revista VIAJAR Turismo & Negócios, Caderno de Turismo do Centro-Oeste, Guias Turísticos em português, espanhol e inglês, de Brasília, Goiás e Mato Grosso do Sul; show cases de Brasília e Goiânia, além de publicações técnicas encomendadas pela Embratur. Por dois anos apresentei um programa de turismo na TV Manchete Brasília.

Tive experiências na gestão pública como diretor do CERNE – Consórcio de Empresas de Radiodifusão e Notícias do Estado de Goiás e da GOIASTUR – Goiás Turismo. Como agente de viagens representei a Stela Barros Turismo, especializada em excursões para Disney e a Operadora Internacional GLOBUS, em Brasília.

Espero que as observações no meu livro, acima referido, contribuam para uma política ao setor turístico brasileiro.