Tecnologia e exigências de clientes fazem parte da reinvenção da hotelaria
Mesmo antes da pandemia, muitas inovações foram sendo absorvidas pela hotelaria no mundo. Um dos fatores que ativam essas mudanças são as exigências do público e, paralelo a isso, as transformações de mercado no sentido de tecnologias e estruturas, por exemplo.
A Revista Festuris convidou três empresários do segmento de hotelaria para destacarem suas percepções quanto à essa reinvenção. Plínio Ghisleni é diretor e sócio-fundador das empresas Rede Laghetto, Imobiliária Ghisleni e Construtora PRG; Hilário Krauspenhar, sócio e diretor da rede Sky Hotéis, e Alexandre Gehlen, CEO e fundador da ICH Administração de Hotéis que detém as marcas Intercity Hotels e Yoo2.
Apesar de atuarem no segmento hoteleiro, cada um se posiciona de uma maneira distinta no setor, seja no lazer ou corporativo. Para Ghisleni, a hotelaria se reinventa a todo instante, aliado a isso, ele aponta que a tecnologia e as exigências do cliente. “No meio de tudo isso, a hotelaria tem que estar no estado da arte, sem perder a cortesia e a hospitalidade”, avalia.
Nova Vertente de Negócios
Investindo há algum tempo nos imóveis na modalidade fracionado, Ghisleni acredita que essa foi uma evolução natural do negócio em que administra. "O ‘Tempo Compartilhado’ é uma tendência muito forte no mercado de férias e é um novo formato de operação, onde o cliente não é mais um hóspede como o que conhecíamos até então: ele é um proprietário que usufrui e utiliza os serviços da hotelaria tradicional”, resume.
Sobre o futuro, o empresário resume que essa nova forma de negócios, onde muitos compartilham o tempo e o espaço, é uma vertente de negócio que veio para ficar e será a única forma de produzir grandes hotéis, que cumpram as exigências deste novo cliente que quer viver experiências cada vez mais profundas com o destino.
De acordo com Ghisleni, no passado, a gestão de um meio de hospedagem precisava de dois olhos: levava em conta apenas o proprietário e o hóspede. No presente, a gestão precisa de 4 olhos: desapareceu o proprietário senhor absoluto do imóvel representado pelo prédio do hotel e surgiram o operador, o investidor, o usuário e o colaborador. “Atualmente a visão da rede contempla os quatro personagens deste universo e ela tem como premissas, ser: desejada pelos destinos, confiável para os investidores, excelente para seus colaboradores e inesquecível para seus hóspedes”, completa.
Trabalho de Adaptação
Para uma rede de hotéis que atende, também, o corporativo, a busca por estratégias para driblar a crise foi gigantesca. Alexandre Gehlen, relata que, em um primeiro momento, a reinvenção veio pela necessidade de sobrevivência.
Segundo ele, muitos hotéis transformaram salas de eventos em estúdios para eventos híbridos, quartos em room-offices e até em residência temporária. “Foi fundamental um trabalho muito intenso de adaptação de protocolos para garantir a segurança dos hóspedes e colaboradores. Outro ponto importante foi a preparação para o crescimento das viagens de lazer e regionais de hóspedes que trocaram as gravatas nos lobbies por passeios com suas famílias”, analisa o empresário.
Para Gehlen, a hotelaria precisa entender que tem que estar preparada para atender públicos diversos, seja investindo em tecnologia e inovação e ampliando as ofertas para os segmentos de hospedagem.
Diante das mudanças constantes do cenário no início da pandemia, a rede criou um comitê de crise formado por membros da diretoria, consultores externos e o infectologista, com reuniões para definir as melhores ações para enfrentar o período. “A ICH trabalhou intensamente junto aos representantes de cada hotel para encontrar as melhores soluções para atravessar esse período. Preparamos um plano de contingência, alinhado com nosso compromisso de excelência na administração de bens de terceiros, no caso, nossos investidores”, revela Gehlen.
Novos Canais de Venda
Atuando na hotelaria mais tradicional, a Rede Sky Hotéis busca o sucesso de forma sustentável e com os pés no chão, conforme aponta o sócio-diretor, Hilário Krauspenhar. “De forma a ampliar a nossa participação no mercado, buscando novos canais de venda, melhorando sempre os nossos serviços para se destacar dos demais, para nós, o mais importante e nossa maior motivação é o cliente”, enfatiza.
Sobre a reinvenção do setor, o empresário reforça que essa foi uma necessidade por conta das novas exigências do mercado. “Novas tecnologias e a conectividade estão cada vez mais presentes dentro da hotelaria, muitas destas tecnologias estimuladas pela pandemia, aproximando o hotel de seus hóspedes e automatizando processos”, completa.
A administração da Sky Hotéis é familiar, e por conta dos anseios dos clientes, os administradores, aos poucos, expandiram seus negócios e atualmente administram nove hotéis em Gramado e região, no Rio Grande do Sul. “Procuramos a cada novo hotel incorporado, agregar novos diferenciais, criando uma rede versátil e que atende diversos públicos. Esta também foi a forma que encontramos para fortalecer e consolidar os nossos negócios na região da Serra Gaúcha”, frisa. Krauspenhar ainda destaca que outro diferencial de seus hotéis é o café da manhã, em estilo colonial, tendo já recebido várias premiações.