O orgulho do povo gaúcho e a celebração do mês farroupilha

Batalha nos campos de Rosário do Sul - Crédito Leonid Streliaev

O País inteiro elogia o orgulho que nós, sul-riograndenses temos em relação ao nosso Estado. Em setembro, o Rio Grande do Sul se volta às comemorações de uma guerra em que não houve vencedor. Mas o porquê dessa comemoração intriga muita gente. Por conta disso, convidamos dois especialistas e pesquisadores dos usos e costumes da cultura gaúcha para desmistificar essa relação de orgulho x derrota.

Rodrigo Schlee e Fernanda Valente de Souza apontam que setembro é a data máxima da história do Estado do Rio Grande do Sul. “O que emblema muito a celebração foi o feito de resistir às investidas do império por 10 anos e sonhar em transformar a esquecida e longínqua província em uma independente República, a exemplo do vizinho Uruguai”, explica Rodrigo.

A Revolução dos Farrapos iniciou em 20 de setembro de 1835 e terminou em 1º de março de 1945. Após esse período, o povo gaúcho enfrentou dificuldades e muitas transformações, a chegada de imigrantes e o crescimento da economia começaram a desenhar o Rio Grande do Sul que conhecemos hoje.

Mas independente de tudo isso, Fernanda aponta que, para os gaúchos, a cultura é muito enraizada devido ao reconhecimento da luta e de todo o esforço de seus ancestrais na construção de um Estado. A região foi forjada pelas mãos de muitas etnias que dão origem à rica cultura gaúcha. “Desta forma, usos e costumes se preservam de forma orgânica, nossos saberes e fazeres regionais fazem parte do cotidiano de nossa gente e hoje são verdadeiros símbolos culturais e gastronômicos que são destaque no segmento do turismo cultural”, ressalta a pesquisadora.

Além dos símbolos popularmente conhecidos como o traje típico do gaúcho, e alguns costumes como andar a cavalo, tomar chimarrão e fazer o churrasco, para Fernanda e Rodrigo a coragem e a força do povo gaúcho, com certeza, são os maiores símbolos. “São qualidades herdadas dos guerreiros farrapos e que chegaram a ser lembradas nas memórias de Giuseppe Garibaldi, que anos depois na itália, ressaltou a bravura da cavalaria rio-grandense e da qual o atual estado do Rio Grande do Sul preservou em nossa bandeira o ‘brasão de armas’”.