Como desenvolver um destino de Ecoturismo Responsável

Crédito - @VisitMS - Bruno Bezerra

Começo esse artigo com uma confissão: nunca desenvolvi um destino de Ecoturismo! Mas venho acompanhando de perto o desenvolvimento e a expansão de alguns destinos de Ecoturismo ao longo dos meus 21 anos de profissão, iniciada logo após a formação no curso de turismo, como sócio fundador de uma agência e operadora de ecoturismo e turismo de aventura em Beagá (Belo Horizonte para os menos íntimos). Através da pós-graduação ampliei meus conhecimentos no segmento e segui minha trajetória profissional em consultoria e na gestão pública nas três esferas.

Afastei diretamente do ecoturismo, mas continuei atuando nas políticas públicas do setor, seja como secretário de Turismo de Cairu na Bahia, onde está localizado o destino Morro de São Paulo ou como diretor-presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul, onde temos dois destinos de ecoturismo reconhecidos nacional e internacionalmente – Pantanal e Bonito.

Desse modo, e por tais experiências, posso compartilhar um pouco da minha percepção, no que ser refere ao desenvolvimento de um destino de Ecoturismo de forma objetiva e prática. Não vou entrar também na conceituação e nem nas premissas da temática, apenas em questões práticas que um destino necessita para ser classificado como um destino de ecoturismo, de natureza ou como destino responsável – terminologia a qual prefiro referir a sustentável.

Primeiramente para desenvolver um destino de Ecoturismo, este necessita de ativos naturais e empreendedores. Cansamos de escutar que aquele local tem potencial. Ótimo! Mas esse potencial precisa ser transformado em produto. Mas antes, é necessário entender se esses ativos naturais, são de fato potenciais, possuem características singulares e o poder de atratividade. Isso pode ser traduzido em um exemplo já bem conhecido no mercado: Bonito aqui no meu Mato Grosso do Sul.

Para exemplificar e traduzir o que é necessário para desenvolver um destino Eco, vou pontuar algumas questões que foram e são trabalhadas pelo destino, e serão suficientes para o entendimento nesse artigo. Claro que não para sua implementação. Até porque o modelo de Bonito não é muito fácil de ser copiado, justamente por que não deve ser copiado e sim ajustado a realidade de cada território.

Controle da capacidade de carga ou de suporte é primordial. Quem oferece atividade de Ecoturismo – de verdade, precisa estipular e regulamentar a quantidade de turistas que pode receber. Organização local, por meio de governança visando uma gestão coordenada e tomada de decisão conjunta. Investimento privado para estruturação em conformidade com o ambiente e que atenda com qualidade o turista, experiências únicas por meio da criação de atividades que vão surpreender, guias profissionais e especializados em atrativos – fundamental para uma imersão na experiência do turista. E claro, uma gestão pública profissional e um posicionamento do destino – produto, segmentação de demanda e promoção focada.

O desenvolvimento de um destino de Ecoturismo é, praticamente em todas as esferas, igual ao de qualquer destino. Claro que as questões relacionadas ao controle e conservação dos ativos naturais é imprescindível, mas no geral para termos destinos responsáveis, precisamos de atitudes responsáveis!

Para finalizar tenham em mente que isso só é possível se exercitarmos a Gestão de Destino. Não é possível mais pensar em turismo ou em mercado apenas focando no negócio de forma individual e sem que a gestão do destino seja feita por todos os envolvidos. Isso requer trabalhar de forma coordenada, voluntária em alguns momentos, com união e humildade. É ter em mente, como um mantra, que a continuidade das políticas públicas necessita de construção coletiva, de governança institucionalizada e gestão profissional pública e privada voltadas para a inovação e diversificação da oferta turística de um destino, seja ele de Ecoturismo, Aventura, Negócios ou Eventos, Cultural, etc.

Desenvolver um destino Eco Responsável é um belo desafio!