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Estariam todas as regiões do Brasil devidamente preparadas para recepcionar tantos projetos audiovisuais simultâneos?

Países próximos como Chile, Colômbia e Uruguai elaboraram programas de incentivos fiscais à produção audiovisual

Enquanto o segmento do streaming se populariza, investe massivamente em produções originais e anuncia cada vez mais projetos filmados localmente no Brasil, amenizando o delicado momento causado pela interrupção do investimento público em diversos segmentos da cultura, nos resta agora a pergunta: Estariam todas as regiões do Brasil devidamente preparadas para recepcionar tantos projetos audiovisuais simultâneos?

Nós, da Rede Brasileira de Film Commissions, entidade sem fins lucrativos, criada com o objetivo de representar todas as film commissions do Brasil e promover conceito de film commission para todo país, pudemos constatar que, ao longo dos últimos anos, lamentavelmente, várias film commissions tiveram suas atividades interrompidas. A ausência de film commissions e as grandes dificuldades enfrentadas por as que ainda sobrevivem ou tentam se estabelecer, como orçamentos restritos e falta de reconhecimento por outras instâncias governamentais, são, sem dúvidas, frutos da ausência de uma política pública nacional voltada tanto às film commissions, quanto à atração de produções estrangeiras, pautas pleiteadas pelos membros de nosso setor desde a década passada, quando surgiram as primeiras film commissions do Brasil.

Países próximos como Chile, Colômbia e Uruguai elaboraram louváveis programas de incentivos fiscais à produção audiovisual, editam e divulgam belíssimos vídeos oferecendo toda sua diversidade de locações e marcam presença em mercados internacionais através de estandes repletos de material gráfico convidando os produtores do mundo todo a irem lá realizar suas produções. Enquanto isso, o Brasil, internacionalmente, ainda restringe seus esforços a apenas exportar nossa produção nacional, como se ambas estratégias não fossem perfeitamente complementares e como se a aplicação de medidas e investimentos com intuito de aumentar a atratividade para projetos audiovisuais estrangeiros não fosse uma tendência mundial, posta em prática hoje em praticamente qualquer país desenvolvido.

Recepcionar projetos audiovisuais injeta e faz circular dinheiro na economia local, ajuda a empregar uma grande sorte de profissões, desde padeiros e motoristas à eletricistas e maquiadores, provoca um enriquecedor intercâmbio técnico e cultural para os profissionais de cinema e, por fim, exporta a imagem do local, trazendo, em um segundo momento, um relevante impacto turístico nas regiões retratadas nas obras audiovisuais. Para que sejam atingidos esses objetivos, no entanto, é preciso voltar nossa atenção ao que está em prática no mundo ao redor e dar respaldo e condições de trabalho a profissionais que atuem para atrair, incentivar e interagir com o produtor, tanto local quanto estrangeiro, operando film commissions cada vez mais empoderadas, elevando assim a competitividade local enquanto destino cinematográfico.

Sobre o autor deste artigo

André Faria é publicitário, formado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing, e hoje atua como consultor em gestão ágil de projetos e representa a Rede Brasileira de Film Commissions como Diretor Executivo, entidade que administra desde 2017, onde desde então pôde organizar painéis, workshops, cursos e consultorias sobre Film Commissions e representar as Film Commissions brasileiras em eventos internacionais. É André Faria o representante do Brasil nas assembleias da Latin American Film Commission Network, a rede latino-americana de Film Commissions.

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